Gritos mudos


Posso escrever o que quiser que não vais ler, posso gritar bem alto mas tu não vais ouvir, nunca ouviste… Não sei como fazer isto depois de ti, não sei como seguir em frente, não sei como voltar a dar-me completamente, não sei como é que este sentimento vai embora.
Dói por tudo, é o não ser suficiente, é o não seres suficiente, é tudo o que imaginei e que agora se desfaz em fumo, é tudo aquilo em que falhei, é tudo aquilo que dei demais, é tudo o que tu não deste, é o saber que de maneira alguma teria sido diferente. Que merda é esta? Que buraco é este? Que amarras são estas que não consigo soltar? Que toxina é esta que me deixa em ressaca total? Que sentimento é este? Porra! Quis sair, correr livre por aí, sentir tudo, mas não há espaço… Não há espaço porque ainda estás aqui, e eu não sei como te mandar embora, não sei como te expulsar, não sei como te esquecer…
E o pior é que não quero, assusta-me já não ter nada de nós, assusta-me esquecer, assusta-me o dia em que já não vamos ser nada, assusta-me a inevitabilidade de não ser mais nada. 
E não consigo olhar para ti, mas sinto a tua falta, sinto a falta de te ter aqui, dos dias em que olhar para ti me dava conforto e não esta dor imensa.
Sai de mim, sai por favor porque eu não suporto. Mas não vás, fica só mais um bocadinho, abraça-me só mais uma vez…

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